ESTÓRIAS QUE TOCAM
Estórias que tocam é uma ação de educação ambiental Reciclanda Rap sobre textos de António José Ferreira. Com objetivos pedagógicos, artísticos e ambientais, o projeto destaca a urgência de preservar e melhorar as florestas, de reduzir o consumo, de repensar atitudes, de reciclar corretamente, de plantar árvores e de evitar incêndios. Inserido no Reciclanda Rap, consta de bateria digital, instrumentos feitos de materiais reutilizados, pequenos objetos sonoros e declamação por rapper. Espetáculo concebido por António José Ferreira, inclui a escola como parte do espetáculo. Os alunos de cada turma recebem emprestado um instrumento, que tocam de acordo com as indicações do maestro.
Amiga da Língua Portuguesa e da leitura, a Reciclanda é um sítio irmão da Lenga, música para o desenvolvimento global da criança.
História da poluição
Foi há muito, muito tempo,
‘stava a História a começar.
Tinham homem e mulher
muito tempo p’ra caçar.
Ninguém tinha a sua horta
nem plantava o pomar,
mas havia belos frutos
que podiam apanhar.
No princípio não sabiam
fazer fogo p’ra aquecer;
mas um dia, com um raio,
um arbusto pôs-se a arder.
E mais tarde a humanidade
conseguiu fogo fazer.
E a carne grelhadinha
dava muito mais prazer!
Já sabia fazer fogo,
como havia de o conter?
Com incêndios, a floresta
tinha muito p’ra sofrer.
Quando a caça escasseava,
começou a produzir.
E a floresta onde caçara
passou a diminuir.
Abatia uma árvore,
outra árvore a seguir.
Sem saber, a humanidade
aprendeu a poluir.
Com o frio que chegava
precisou de se aquecer
e usava peles quentes
para o corpo proteger.
O homem do vale fez
muros p’ra se defender
criou armas eficazes
p’ra os animais abater.
Começou a polir pedra,
fez anzóis para pescar.
Até fez agulhas de osso
para a roupa costurar.
Já fazia esculturas
e gostava de pintar.
Tinha arte, inteligência,
descobriu que é bom tocar.
Com os troncos que rolavam
mudou coisas do lugar.
Coisas grandes e pesadas
foi possível transportar.
Da roda passou ao carro
com animais a puxar.
Bois, cavalos e elefantes
conseguiu domesticar.
Com o séc’lo XIX,
tudo estava a progredir,
e o homem já pensava
tudo poder conseguir.
Os comboios circulando,
tanto fumo a subir,
e as chaminés das fábricas
era sempre a poluir.
As cidades e as vilas
‘stavam sempre a aumentar.
Os esgotos e o lixo
iam p’ra qualquer lugar.
Monumentos escurecem
c’o a poluição do ar.
Quero terra limpa e justa
que se possa sustentar.
Hoje muitos são os carros
e os gazes que há no ar.
Enquanto isso, tanta gente
não tem teto onde habitar.
É tão bela a natureza,
cada ser com seu cantar.
Ama a terra e a água
como se ama o próprio lar.
Se quiseres ter saúde
p’ra correr e p’ra jogar,
poupa e reutiliza,
e o planeta vai mudar.
Poema/canção sobre a poluição criado para projeto numa escola do 1º Ciclo de Vila Nova de Gaia, apresentado ao público no Auditório do Olival com a EB1 dos Carvalhos.
O pescador e o peixinho
Pescando com a cana de pesca na margem do rio, um pescador apanhou um peixinho. Quando o agarrou para pô-lo no cesto, o peixe suplicou:
— Por favor, liberta-me!. Sou muito pequeno para me comeres. Se me devolveres ao rio, eu vou crescer e mais tarde poderás fazer uma refeição melhor.
Mas o pescador colocou-o no cesto dizendo:
— Eu seria tonto se te deixasse ir. Por pequeno que sejas, és melhor que nada.
Passados uns dias, o pescador pescou outro pequeno peixe, e procedeu do mesmo modo.
Os anos passaram, e todos os pescadores se queixavam que não havia peixe. O pescador pensou:
– E não é que aquele peixinho tem razão? Vou deixar os pequeninos crescerem.
Outros pescadores começaram a fazer o mesmo. No verão, recolhiam plástico que havia nas margens. E com o tempo, a pesca tornou-se sustentável.
Adaptação de fábula atribuída a Esopo por AJF
A cana florida do Gama
Vasco da Gama era um jovem estudioso. Gostava de Matemática, Astronomia e Navegação. Lia muito e tinha grandes projetos. E falava com os rapazes da sua idade em encontrar o caminho marítimo para a Índia. Por ocasião de um baile, um camponês foi ter com o Gama e perguntou-lhe:
“Então, menino Vasco, vai descobrir as Índias?…”
Vasco da Gama percebeu o tom irónico do homem. Irritado, pegou numa vara e exclamou:
“É tão certo eu descobrir a Índia como esta vara florir!”
A lenda diz que a aguilhada floriu. A história diz que Vasco da Gama chegou à Índia.
(Lenda da aguilhada florida, de Sines, adapt.)
O rouxinol
Há mais de mil anos, vivia num grande palácio o imperador da China. À volta, havia um jardim e uma floresta, de onde se via o mar. Entre as árvores cantava um rouxinol. Muitas pessoas iam de longe para ouvi-lo, e o seu canto a todos alegrava. Um dia, o imperador mandou buscá-lo e nomeou-o chefe dos músicos da corte. No império havia paz e harmonia.
Certo dia, o imperador do Japão ofereceu ao monarca chinês um rouxinol mecânico, em ouro e de pedras preciosas. As pessoas acharam-no fantástico e esqueceram o rouxinol verdadeiro e mais vulgar. Desprezado, o pássaro conseguiu fugir do palácio.
Na Primavera, as pessoas perceberam que o canto do rouxinol mecânico era monótono e não alegrava ninguém. O próprio imperador da China adoeceu.
Quando estava a morrer, ouviu o canto do rouxinol da floresta, que regressara para o salvar, apesar de ter sido injustiçado. O soberano recuperou a saúde e quis nomeá-lo Músico Chefe da Corte. O rouxinol recusou amavelmente: valia mais a floresta do que uma gaiola de ouro. Mas sempre que fosse necessário, poderia voltar ao palácio, com a sua paz e harmonia.
Hans Christian Andersen, adapt.
O reino do mal
Era uma vez um rei que só ambicionava mandar. Mas foi-lhe retirado o trono por ele não saber governar. Ao caminhar junto ao rio, viu castores, e como eram eficazes a trabalhar. Era a oportunidade de outro reino conquistar.
– Grande ideia – pensou ele.
Ferramentas foi buscar. Entregou-lhes machados e serras e sentou-se a observar. Tantas árvores caíram para o seu palácio conseguirem levantar. Mas da sua torre via lá ao longe o azul do mar. Veio a chuva muito forte, e o vento não parava de soprar. Lá se foi o palacete e o rei ficou novamente sem lar, nem mandar.
Encontrou uma doninha e viu uma oportunidade a não desperdiçar. Como achava perceber de engenharia, muitos túneis mandou escavar. Tinha novamente um trono e um reino a aumentar. Era próximo de um grande lago… Quem podia calcular? A água arrasou os túneis, pôs o trono a boiar.
Novamente o rei ficou sem poder mandar. Mas todo o mal que tinha feito, como iria compensar?
(Baseado na Curta Metragem Le Royaume)
Sugestão amiga
Lenga, Reciclanda e Loja Meloteca são projetos irmãos com inúmeros recursos pedagógicos. Na Lenga encontra lengalengas, estórias, poemas, adivinhas, provérbios, trava-línguas, piadas, onomatopeias, jogos, canções, dinâmicas, instrumentos úteis a profissionais que trabalham com crianças da Creche, Jardim de Infância, 1º Ciclo e Crianças com NEE.
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Lenga, música para o desenvolvimento global da criança
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